quarta-feira, 22 de junho de 2016

CONCEPÇÃO

A Concepção do Ensino na Área de Ciências Humanas 

A expressão “Ciências Humanas e suas Tecnologias” leva-nos a uma reflexão inicial sobre sua inserção no campo dos conhecimentos a ser oferecidos, atualmente, no conjunto da educação básica.

Embora toda ciência seja indiscutivelmente humana, por resultar da acumulação cultural gerada por diferentes sociedades, em diferentes tempos e espaços, o estudo das denominadas “humanidades” remonta às artes liberais antigas, notadamente ao estudo das artes, línguas e literaturas clássicas. Na Idade Média, a tradição cristã acentuou a distinção entre a literatura sacra e a profana, evidenciando o caráter laico das humanidades. Em seguida, o Renascimento perpetuou essa condição, enfatizando a necessidade de um arcabouço de conhecimentos acerca dos estudos sobre o humano e sua condição moral. Segundo Chervel e Compère (1999), até o século XIX, o estudo das Humanidades foi responsável pela formação do cristão dos colégios jesuítas, do cidadão das luzes e do republicano dos liceus modernos.

Na primeira metade do século XX, as Ciências Humanas consolidaram-se como conhecimento científico, a partir das contribuições da fenomenologia, do estruturalismo e do marxismo; porém, o ensino das Humanidades, como corpo curricular tradicional e enciclopedista dirigido à formação das elites, somente

apresentou mudanças significativas nas três últimas décadas do século passado, como resultado das grandes transformações socioeconômicas, políticas e tecnológicas.

Na atualidade, a área de Ciências Humanas compreende conhecimentos produzidos por vários campos de pesquisa – História, Geografia, Filosofia, Sociologia e Psicologia, além de outros, como Política, Antropologia

e Economia – que têm por objetivo o estudo dos seres humanos em suas múltiplas relações,

fundamentado por meio da articulação entre esses diversos saberes. Nesse sentido, a produção científica, acelerada pela sociedade tecnológica, tem colocado em debate uma gama variada de novas questões de natureza ética, cultural e política, que necessitam emergir como objeto de análise das disciplinas que compõem as Ciências Humanas. Portanto, o caráter interdisciplinar desta área corrobora a necessidade de se utilizar o seu acervo de conhecimentos para auxiliar os jovens estudantes a compreender as questões que os

afetam, bem como a tomar decisões neste início de século. Dessa forma, ao integrar os campos disciplinares, o conjunto dessas ciências contribui para uma formação que permita ao jovem estudante compreender as relações entre sociedades diferentes, analisar os inúmeros problemas da sociedade em que vive e

as diversas formas de relação entre homem e natureza, refletindo sobre as inúmeras ações

e contradições da sociedade em relação a si própria e ao ambiente. A convicção de que o ensino das Ciências Humanas é indispensável para a boa formação de nossos estudantes foi a principal inspiração

para a formatação dos currículos de História, Geografia, Filosofia e Sociologia aqui apresentados.

No caso de História e Geografia, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) do Ensino Fundamental ofereceram referenciais importantes às discussões que ancoraram a elaboração deste documento.

Segundo os PCN, à História compete “favorecer a formação do estudante como cidadão, para que assuma formas de participação social, política e atitudes críticas diante da realidade atual, aprendendo a discernir os limites e as possibilidades de sua atuação, na permanência ou na transformação da realidade histórica na qual se insere”.

Quanto à GEOGRAFIA, o documento aponta como objetivo “estudar as relações entre o processo histórico na formação das sociedades humanas e o funcionamento da natureza, por meio da leitura do lugar, do território, a partir de sua paisagem”. Nesse sentido, é por intermédio dessas duas disciplinas que o conjunto dos diversos saberes que conformam as Ciências Humanas participa, de maneira interdisciplinar, do processo de formação do Educando.